segunda-feira, 31 de maio de 2010

sábado, 29 de maio de 2010

Noite em Maubisse

Após semanas de completa letargia, dou por mim, sentada no restaurante “Sara”, a apreciar o que me rodeia. São quase oito, a noite já caiu e Maubisse a esta hora está gelada, molhada e com ar de abandono. Todos esperam impacientemente pelo jantar e nesse compasso há quem se aqueça com uma garrafa de ginginha. Somos um grupo grande, cerca de 20 pessoas, do Ministério da Agricultura de Same que participa no dia seguinte no” workshop” em Turiscai.
Engraçado como as coisas acontecem… Sem esperar encontro uma amiga de Dili seguindo-se a conversa de praxe,” Olá, então o que fazes aqui?”. Claro que a resposta é sempre óbvia… trabalho. Num dia de semana, raros são os que se deslocam aos “distritos” para turismo.
Acabamos por ficar a dormir no mesmo quarto, numa “guest house” ali perto e, apesar da expectativa, este revelou-se o “habitual”. Ambas estamos um pouco desoladas, não é fácil habituarmo-nos a estes padrões de qualidade, pelo que o melhor será mesmo dormir. Assim, à luz das velas tomo um gélido banho de caneca tentando não molhar muito a sanita, faço uma cena de equilibrismo a vestir o pijama para não molhar as calças, cuspo a pasta de dentes para o ralo do chão pois não há lavatório e rapidamente me dirijo para a cama onde um lençol, que não se sabe muito bem quando foi mudado, a tapar o colchão e um cobertor com um cheiro esquisito me aguarda, mas… um leitor de DVD’s e quatro filmes de Hollywood de repente surgem no meu campo de visão, “Então o que queres ver? Pode ser uma comédia?” E a noite de repente tornou-se bem mais divertida.
Após a meia-noite cai a escuridão em toda a vila. Deitada a ouvir a chuva, tentando não ligar muito à clarabóia improvisada no tecto e ao cheiro do cobertor, não consigo evitar esboçar um sorriso nesta caricata situação.