sábado, 27 de fevereiro de 2010

Insónia

Por vezes, mais do que gostaria, o fechar dos olhos para usufruir da calmia de estar inconsciente torna-se uma frustação. Teimosamente deitada, a tentar ignorar o som do ar condicionado, não consigo desligar a cabeça do que me incomoda. São nestes momentos que o passado ganha vida outra vez, que o desafio do trabalho se torna uma montanha inultrapassável, que as minhas inseguranças surgem com toda a força e, também são nestas horas, que me sinto verdadeiramente só...
Tento aplicar várias técnicas que poderão, eventualmente, devolver o sono como imaginar um local aprazível que me faça relaxar, uma situação bonita que me faça sonhar ou simplesmente, quando tudo o resto já falha, ao tradicional contar dos carneirinhos. E assim se passam as horas, ouvindo lá fora o ladrar dos cães e o som emanado pelas osgas, com a crescente preocupação de ter mesmo de dormir, até que sou sobressaltada pelo chamamento da mesquita, "Merda, já são cinco e meia".

Timor-Leste



Quando penso nesta palavra recordo-me daquilo que eu pensava que ela representava, um país do outro lado do mundo, pobre, inseguro, com pessoas de aspecto triste.
Após dois dias de viagem, numa diferença horária de mais 9 horas (no verão são 8), saio do avião para ser recebida por um bafo quente que fez com que o casaquinho, que tanto jeito deu para me defender do ar condicionado do avião, se cola-se desconfortavelmente ao corpo. Cá me encontro outro vez. Entre o cansaço e a preocupação de me meter na fila correcta para o visto, lá consigo esgueirar-me até à passadeira rolante que traz a bagagem para 12 meses da minha vida. Já não há volta a dar...
Fiquei mesmo contente por ver caras conhecidas na multidão que esperava os recém-chegados. Na verdade, no tempo em que estive ausente nunca as esqueci, mas ainda não as consigo posicionar noutro espaço que não este.
Agora podia relaxar, ia para o que já considero a minha casa, para o meu quartinho e ainda por cima, para meu delírio, no Machibombo.