sexta-feira, 8 de outubro de 2010

“Flexível”



A campanha começa com a urgência necessária. Estamos atrasados 3 meses nas nossas actividades e sentimos a pressão de termos que acelerar os processos. Para esta campanha em particular realizaremos tudo numa semana. O plano está feito, a logística tratada e as equipas preparadas para entrarem em acção.
Encontramo-nos em Turiscai, já a meio da manhã. Apesar das horas aceitamos o café oferecido pelo administrador de sub distrito e discutimos o percurso do dia. Entre risos e disparates, ao falar com as inúmeras pessoas presentes apercebo-me que o plano do dia tem grandes falhas. As minhas duas aldeias a visitar encontram-se demasiado longe, sendo preciso um dia inteiro só para uma delas. À mesa, com a chávena de café na mão, João olha para mim e diz: “Mana, lae iha problema. Mana ba Mindelo no toba ne’e ba.” Dormir lá… desta não estava à espera… Mas o meu plano? É preciso cumpri-lo, a população está à espera… “Hau telefone no troca loron.” Trocar o dia das visitas. Isso vai atrasar a campanha… E é então que João remata no seu sorriso mais maroto: ”Flexível, flexível mana, tenki flexível”. A gargalhada é geral. Todos estão solidários com a árdua tarefa que me aguarda, num misto de preocupação e de expectativa, mas parto resignada para as quatro horas de caminhada até ao meu poiso daquela noite.

4 comentários:

  1. nem tudo as vezes funciona como nos pretendemos mas por vezes a mudança de percurso surpreende-nos pelo melhor. Ah, falando nisso ainda nao te contei, eu e a Raquel mudamos de percurso de vida :) entramos para Administraçao hospitalar. Tenho muitas saudades tuas espero ver-te quando vieres ca :) miss you

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  2. Prima Zélia já não te vejo há muito tempo mas a Isabel mostrou-me o teu blog e tenho lido as tuas histórias com muito gosto!Do lado de cá parece uma aventura e pêras!Boa sorte e um beijinho da tua prima guida

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  3. Olá Zélia, sou eu a culpada de teres a família alargada a sobrecarregar-te os comentários. Seguimos as tuas aventuras atentamente e fazemos votos para que te divirtas a vivê-las como nós a ler os teus relatos. beijinhos i. e m.

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  4. Com as tuas descrições vê-se!
    Fazem também lembrar-me o que passamos no "ultramar", onde fazíamos amizades nos intervalos da guerra e das minas. Talvez devido a essas amizades que hoje somos aceites onde colonizávamos.
    Que essas paisagens e essas gentes te façam esquecer as saudades.
    Muita saúde e boa disposição (não se ganha mais por se estar mal disposto).
    Beijinhos dos tios Carmo e Abel

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